Todo mundo já ouviu falar de uma história mais ou menos assim: “nossa, sabe fulano? Então, largou tudo e foi para Índia fazer um retiro espiritual de 6 meses” ou “lembra da fulana? Super workaholic? Então, foi demitida, pegou o dinheiro e foi viajar 6 meses. Hoje é outra pessoa!”
Isso sem falar, obviamente em
todas as pessoas influenciadas pelo mega blaster sucesso de “Comer, Rezar,
Amar”, também inspirado em uma história real dessas.
Minha reação ao ouvir essas
histórias era sempre um misto de cara de “aham sei” e pensamento de “riquinho
revoltado-metido à hippie-sustentado pelo pai”.
A sensação é de que essas
realidades estão completamente distantes das nossas e, como só ouvimos as que
deram certo, continuamos no automático, reproduzindo padrões de
infelicidade e auto sabotagem altamente perigosos e quem podem ser letais.
Bem, isso até eu mesma em
primeiríssima pessoa com esses olhos que a terra há de comer conhecer e
acompanhar a história da Carol.
Bom, antes de qualquer coisa é
importante entender como nos conhecemos eu e a Carol, pois já foi meio que num
quebra pau por telefone. Eu era advogada e ela gerente de trade-marketing em
uma multinacional americana. Ela tinha aquele típico perfil de ex-trainee que
virou gerente e se achava a ultima bolacha do pacote. Eu, como toda
“ex-estagiária com inveja de trainee” odiava esse perfil. Nenhuma das 2 era de
muita papa na língua como podem imaginar...
Lembro muito bem o dia em que
falei para uma grande amiga e alma bela que havia sido chefe da Carol: “cara
essa menina é muito metida! Ela pensa que eu sou quem? Carimbadora dela?” E
Morinha olhou para mim e disse: “a Carol é muito lega! Você vai gostar dela!
Ela tem essa intensidade que também temos, mas dê uma chance! Você não vai se
arrepender”. Bom, se a Mora gostava dela, alguma coisa tinha que ter de bom. Eu
ia sim dar uma chance. A oportunidade surgiu de termos que trabalharmos juntas
novamente em um contrato importante e foi show! Descobri como ela é divertida,
competente, e apesar de parecer marrenta no começo, ela só queria, assim como
eu, que o negócio desse certo. Pronto! Viramos amigas e eu passei a admirá-la
mais e mais como profissional. Sempre falava dela pelos cantos: “meu, a Carol é
foda! Super nova com essa equipe enorme, todo mundo adora ela!
Competenterrima...” Como era de se esperar e até um pouco obvio, a Carol foi
expatriada! Só confirmava minha tese... e eu continuava me espelhando nela,
ainda que ela nem soubesse.
Até que, um dia nos encontramos
em Lausanne na Suíça. Eu acabava de ser promovida e estava fazendo um
treinamento lá, ou seja, no ápice de minha empolgação de garota de 26 anos
super carreirista. Quando encontrei a Carol levei um balde de água fria! Nunca
a tinha visto tão desanimada. Com uma cara apática que não combinava com ela,
começou a me contar que, tirando as viagens de fim de semana, estar na sede da
empresa só a fez ver a politicagem e o vazio daquele mundo corporativo. Nossa
conversa foi curta, mas me tocou muito.
De volta ao Brasil, cerca de 6
meses após o nosso encontro, nos encontramos de novo por coincidência do
destino uma ao lado da outra no RH. Saímos da salinha dos “RHs” com quem
estávamos falando e ela me chama para um café: “cara você pediu demissão?” “sim”
“eu também! Vou viajar o mundo por 1 ano!”. Oi?? Como assim? Quando? O que? E a
cara do inicio desse texto sumiu completamente abrindo espaço para uma completa
admiração e curiosidade.
É isso aí, a Carol, executiva
muito da bem sucedida, daquelas que todo mundo paga pau mesmo e que recebeu
inúmeras propostas para ficar e outras tantas propostas para ir mas voltar, sonhou e conseguiu a sua
liberdade... (com muita programação!)
Nas palavras dela: “quando tudo parecia perfeito e eu teoricamente era uma pessoa ‘bem sucedida’ me dei conta de que algo estava errado. Tinha uma ótima vida financeira e estabilidade, mas trabalhava horas demais e não tinha tempo pra mim. De alguma forma a minha vida não parecia ter um bom balanço e me dei conta de que eu nunca tinha planejado aquilo pra mim.”
Era para ser 1 ano viraram 2, era
para ela voltar e ver o que fazer profissionalmente, mas ela conseguiu encaixar
as coisas de uma forma que a viagem está rendendo experiências profissionais
incríveis e, mais, podendo ajudar outras pessoas com a sua experiência com o
bônus de ser “dona de seu próprio nariz”.
Dificuldades existem em qualquer
processo de descoberta, de quebra de paradigmas e de enfrentamento, mas segundo
ela o momento mais difícil é tomar de fato a decisão. Sair do planejamento
sonhador para a ação. “Depois que você
toma a decisão tudo flui naturalmente. Quando você decide uma coisa você começa
e se envolver muito com ela e com os planos que vão fazê-la acontecer e tudo
fica mais gostoso, o medo diminui e a insegurança também. O problema é quando
as pessoas ficam na fase do “eu queria fazer isso”. Quando você fica nesse
estágio nunca vai fazer as coisas acontecer, ‘queria’ não move ninguém pra
frente. A decisão é o momento mais difícil e também o mais crucial”.
Bom, nos reencontramos
recentemente após o seu retorno e eu vi na minha frente uma outra mulher! Ainda
mais linda (loira!!!) e mais leve...
O maior aprendizado? Com a
palavra, a Carol novamente: “Essa foi
certamente a experiência mais transformadora que vivi em minha vida. Deixei a
bolha na sociedade em que eu vivia para experimentar o mundo de todas as formas
diferentes. Deixei de ser influenciada e julgada pelas pessoas que eu conhecia
e pela minha cultura para conhecer diferentes formas de pensar e de agir”.
Mas não foi só isso: “A viagem resgatou também meus valores.
Tudo foi repriorizado: o meu tempo, o trabalho, o dinheiro, as pequenas coisas
da vida. A viagem tem uma incrível capacidade de te mostrar o grande valor nas
pequenas coisas da vida, por que ela te oferece tempo para desfrutá-las com
prazer, um conceito que as pessoas não entendem mais na vida moderna corrida.
Hoje o tempo e o prazer estão em primeiro lugar e o trabalho e o dinheiro devem
ser uma consequência disso, não o contrário”.
Sobre o autoconhecimento
proporcionado ela nos ensina: “Eu quebrei
muitos paradigmas sobre mim mesma, sobre o que eu achava que era capaz, sobre
prazeres, sobre sabores, sobre o que eu achava que eu gostava ou não, sobre o
meu temperamento e minhas limitações. A experimentação e a mente aberta me
ajudaram a quebrar todos esses paradigmas e hoje me conheço muito melhor. Me
sinto mais segura do que quero pra mim e pra minha vida, me sinto mais capaz
para realizar qualquer coisa que eu queria (seja pessoal ou profissional) e me
sinto mais segura. Esse autoconhecimento foi fundamental pra ir atrás de tudo
que eu queria de verdade. O maior sabor da vitória é mostrar que somos capaz de
qualquer coisa, é só uma questão de vontade e de acreditar em você mesmo.
Experimentar essa sensação te enche de coragem e te dá ainda mais energia pra
ir atrás de todos os seus sonhos e das suas vontades.”
Não há nada de errado em “não
largarmos tudo para rodar o mundo”, mas sim no automatismo à que a normose nos
leva, executando ações e levando uma vida que não desejamos sem sequer nos darmos
conta daquilo. Aquela história de “quando vi já estava aqui e fui levando” se
aplica a tudo: a um namoro que vira casamento simplesmente por “fazer sentido”,
a ter filhos por pressão da sociedade só porque “já está na hora”, a escolher
uma profissão baseada apenas na segurança e no caminho teoricamente mais fácil,
a não viajar a lugares diferentes por medo, a não experimentar caminhos mais
tortuosos mas com uma vista incrível de tirar o fôlego. A história da Carol nos
inspira não apenas a botar uma mochila nas costas e a rodar o mundo, mas a
olhar para a nossa vida e tomar consciência. Temos consciência do que estamos
sendo e fazendo ou estamos “levando”?
“Entendi que nossa mente é dominada por paradigmas, temos medo de
coisas que nem temos informação, dizemos que não gostamos de coisas que nunca
provamos, damos opiniões formadas sobre coisas que nem conhecemos. Aprendi que
a experimentação é a melhor forma de quebrar todos esses paradigmas e me abri
pra muita coisa e a sensação era de que eu tinha vivido 10 vidas em uma. A
viagem também ensinou que nem tudo está no meu controle, me ensinou a ser mais
leve e a me estressar menos, me ensinou a aproveitar tudo, mesmo quando não sai
perfeito (afinal o imperfeito também pode ser perfeito). Mas eu acho que o
maior aprendizado foi a CORAGEM! Ter largado tudo para viver aquele sonho,
sentir que foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida e que no final tudo da
certo, me deu muita coragem. Me sinto uma mulher maravilha agora, capaz de
realizar qualquer coisa. Nunca tive tanta coragem para viver todos os meus
sonhos e a vida que eu quero de verdade pra mim. E quando senti isso entendi
que apesar da viagem ter acabado a aventura não tinha acabado. A minha vida
seria uma eterna aventura dali pra frente, pois era essa excitação que me
deixava feliz e servia de combustível para fazer qualquer coisa. ”
É isso aí Carol! Obrigada por nos
inspirar e mostrar que tudo é possível com um bom planejamento e coragem de
TOMAR A DECISÃO!
Pra conhecer mais sobre a viagem
pelo mundo de 2 anos da Carol acesse http://kikiaroundtheworld.com.
Não deixe de conferir também o seu novo projeto, com o intuito de inspirar
pessoas a se transformar através de viagens longo prazo. Acesse o http://projetoviravolta.com
e INSPIRE-SE!!!
óun! Amei essa história!
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