quinta-feira, 5 de março de 2015

Quando se é mãe... - "Outras Visões"

#OFeminismoSouEu 


E a contribuição de hoje para a #SemanaDaMulher é da minha grande amiga e companheira de jornada nessa encarnação em tantos aspectos que nem consigo começar a descrever. Alguém que entrou aos poucos em minha vida mas veio para ficar para sempre! Suas palavras são sempre bem-vindas e bem-colocadas e transbordam a sabedoria que lhe é peculiar sempre com humor! Tenho o privilégio de ser sua amiga e a honra dela me considerar o mesmo! Muito amor nessa #SemanaDaMulher. 

Quando se é mãe...

Cuando se es madre

Não sou mãe. E, pelo andar da carruagem, é bem capaz que eu nunca o seja. Essa declaração vem com todas as alegrias e tristezas que as grandes encruzilhadas trazem. Mas, essa não vivência, não me impede de reconhecer a riqueza e as contradições que a maternidade carrega em si. E, principalmente, não me impede de questionar a lógica que faz com que o mercado se recuse a aceitá-la como uma contribuição social. Se escrevo em meu CV que passei um ano da minha vida dedicada a projetos sociais, cuidando de outros seres, isso é valorizado. Se escrevo que passei o mesmo ano dedicando-me ao meu filho, isso é percebido como tempo perdido. Não me entendam mal. Sou capitalista, vivo dentro da lógica do mercado. Acho profundamente interessante entender como ele se organiza e se estrutura. Por isso mesmo, acho incoerente e míope não valorizar a experiência adquirida pela maternidade. Da mesma forma que não creio na sua santidade, é com a mesma força que acredito ser necessário que o mercado perceba essa vivência como algo positivo. Em um mundo onde as mulheres, progressivamente, preenchem a maioria das cadeiras nas Universidades, não é lógico que, por exercerem uma das múltiplas possibilidades que a experiência feminina proporciona, essa mesma maioria seja alijada da possibilidade de se inserir e ascender no mercado de trabalho. É a mesma lógica perversa que impede que os homens exerçam o papel de pai em plenitude. A eles é dado o direito/dever de ignorar a família para crescer profissionalmente. Para tanto, precisam esquecer que não verão seus filhos crescerem, darem o primeiro passo ou dizerem a primeira palavra. Já evoluímos muito, é certo, e o meu querido marido não me deixa esquecer isto em minhas crises de pessimismo que me acometem quando ouço as asneiras que representantes políticos falam. É fato. Mas também é fato que a lógica que engessa o mercado de trabalho e impede que seja criado um ambiente mais flexível e que facilite a inclusão permanece. É um modelo obviamente falido. Mas talvez sejam necessárias mais umas tantas gerações Y para que as empresas mudem e entendam que talento, comprometimento e dedicação vem em várias embalagens. E talvez sejam necessárias mais pessoas dizendo que essa fórmula de sucesso não é mais sustentável para que possamos ter uma sociedade mais equilibrada e, porque não? Feliz.

Moraima Rangel é uma alma antiga em um corpo jovem. É uma carioca nordestina com espírito cosmopolita! É uma luz e um alento para seus amigos e incômoda para os que não a compreendem! É carinho com disciplina, é perspectiva nova e fôlego para recomeçar! (Tayná Leite) 


Poderá gostar de: Sobre o dia em que saí do armário  Sobre escolhas e ser mulher  Sobre mulheres contra o feminismo Sororidade E o cordeiro vai para o abate Maternidade ou Carreira Sobre o casamento e a maternidade Os números do machismo #SomosTodasKarinnyOliveira Porque eu preciso do feminismo Humanização do feminismo? Sobre a Emma Watson e o machismo

Um comentário: